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A proposta que aqui deixamos é conhecer a vida de Manuel Fernandes contada, desde os tempos em que acompanhava o pai que trabalhava nas fragatas até à invasão de Alcochete, que testemunhou, pelo próprio protagonista. Numa extraordinária entrevista de vida concedida a A BOLA TV em setembro de 2019, Manuel Fernandes desfiou memórias e abriu o coração. E é ao lado de Fernando Peyroteo e Vítor Damas, depois de ter reencontrado Salif Keita, Manoel, Rui Jordão e Chico Faria, companheiros do ataque verde e branco — que o Manel de Sarilhos vai certamente gostar de recordar esta sua história, vai da trapeira à Bola de Prata, das alegrias às amarguras, das vitórias às injustiças, afinal retalhos da vida de quem escolheu o futebol como profissão e o Sporting como paixão...

— O Manuel Fernandes fez uma carreira de treinador de sucesso com cinco subidas de divisão.

— É verdade, e só não fui mais longe por ser como sou. Quando subi o Campomaiorense, tive um convite de Valentim Loureiro para ir para o Boavista e recusei. Disse-lhe, desculpe, Major, mas eu não viro as costas a esta gente. Tratam-me como um Deus, não sou capaz. Nunca soube sair nos momentos altos, quando me era mais favorável. Mas não estou nada arrependido. Tenho amigos em Campo Maior e a família Nabeiro foi do melhor que conheci no futebol. Numa altura complicada, de fragilidade em termos familiares, fui para os Açores e subimos logo à Divisão de Honra. Disseram-me, na época seguinte, que o objetivo era apenas a manutenção, em março estava em quinto lugar, e lancei um repto à Direção. Querem subir já este ano? Vão buscar três jogadores e subimos. E assim foi.

— Foi então que veio treinar o Sporting.

— Sim, mas a minha primeira reação foi dizer que não queria sair dos Açores. O Dr. Luís Duque insistiu, numa altura em que tinha falhado a contratação de José Mourinho, e fui apagar um fogo a Alvalade. Mas foram os diretores do Santa Clara que me disseram: o míster gosta tanto do Sporting, vá, não recuse. Ainda ganhei a Supertaça, demos 3-0 ao Benfica para o campeonato. Tive subidas no Penafiel, com o António Oliveira como presidente, e no União de Leiria, que apanhei em último lugar e levei à 1.ª Divisão. O segredo para subir na 2.ª Divisão é escolher os jogadores certos. Para além da classe do Vítor Oliveira, que era o rei das subidas como treinador, ele sabia escolher muito bem os jogadores. Desde que se tenha um guarda-redes, um central, um médio e um ponta de lança de qualidade, está meio caminho andado.

— Como foi a sua relação com Bruno de Carvalho?

— Quando Bruno de Carvalho disse que eu era o pior funcionário do Sporting, se calhar porque tinha um salário elevado, embora não desse para ficar rico, foi infeliz porque estava a referir-se a alguém com passado no clube, e que já dera provas de grande sportinguismo. Depois disse ao meu filho que na altura estava na Academia, que queria falar comigo, e eu respondi-lhe que não tinha problemas com isso, desde que não fosse em público. Foi a minha casa, cada um disse o que tinha a dizer e as coisas resolveram-se. Mas é evidente que fiquei magoado para sempre.