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De volta à rotina. Passou a azáfama do mercado e o interregno para os compromissos das seleções ajudou a estabilizar a pressão do dia a dia dos clubes, com especial incidência na Luz, dada a turbulência provocada com a substituição de Roger Schmidt por Bruno Lage. A Liga está de volta, assim como que um aquecimento para as grandes batalhas europeias que se aproximam.

Hora, também, de os clubes apresentarem as contas, que deixam os adeptos ora mais otimistas ora pessimistas. A área financeira é um campo que poucos dominam, mas sobre a qual todos opinam. Essencialmente quando indiciam o perigo, segundo a opinião dos especialistas, claro.

Dos três grandes, o Sporting é aquele que surge em melhor posição. Tanto que a Administração de Frederico Varandas se deu ao luxo de manter todas as pérolas às ordens de Rúben Amorim. O bicampeonato é a grande aposta dos leões e para o conquistar nada como trabalhar sobre uma base estável. Assim se justifica a permanência de Gonçalo Inácio, Diomande, Hjulmand, Pedro Gonçalves e, acima de todos, obviamente, Gyokeres. Era preciso manter as mais-valias no campo, mas nos gabinetes também há que fazer contas e para as ter no verde foi preciso vender. Por isso o clube prescindiu de Paulinho ou Mateus Fernandes.

No total, encaixou qualquer coisa como 35 milhões de euros. Bem menos que FC Porto (58 milhões) e muito, muito menos que Benfica (mais de 140 milhões). Todavia, o Sporting não deixou de jogar ao ataque. Com créditos do exercício anterior, dadas as vendas de Porro e Ugarte, a Administração leonina lançou-se ao mercado e cometeu a proeza de ser a que mais gastou: 53 milhões, superando por pouco o Benfica (52 milhões) e por muito o FC Porto (28 milhões).

A Alvalade chegaram Kovacevic, Debast, Maxi Araújo e Conrad Harder, jogadores que deixam Rúben Amorim com bem mais opções para atacar uma época diferente para os leões, já que estão de regresso à Liga dos Campeões. E é aqui, acredito, que vai jogar-se muito do futuro próximo dos leões. Gyokeres vai estar na grande montra e do sucesso ou insucesso do internacional sueco vai depender muito a estratégia do clube.

Apesar dos inúmeros golos e influência tremenda na equipa, faltam a Gyokeres os grandes palcos. Marcar golos na Liga portuguesa ou no Championship é uma coisa, marcá-los na Champions outra bem diferente. Rúben Amorim construiu uma equipa de autor, o Sporting mostra-se mais personalizado a cada jogo, mas o ponta de lança sueco continua a fazer diferença. Há um Sporting com Gyokeres e outro sem ele.

Acredito que muitos dos mais poderosos clubes europeus estejam atentos ao ponta de lança dos leões e ansiosos por vê-lo nos grandes jogos. Se conseguir brilhar na Champions, acredito sinceramente que comecem a surgir em Alvalade propostas com muitos zeros.

Depois do esforço feito neste verão, não creio que o Sporting prescinda do internacional sueco em janeiro por menos que os 100 milhões da cláusula de rescisão, mas também considero que será melhor começar a fazer contas à vida. Melhor dizendo aos avançados...

Não conheço bem Conrad Harder, identifico-lhe potencial e margem de crescimento, mas trata-se de um jovem de 19 anos que necessita de tempo. Partindo do princípio que a estratégia do clube não vai mudar, que Frederico Varandas pretende solidificar o projeto de forma a colocar este Sporting como o melhor dos últimos 50 anos, creio que a novela Ioannidis não tenha terminado. Os leões vão voltar à carga pelo grego. Aposto.